quarta-feira, 9 de março de 2011

Quando criei esse blog meu intuito era registrar algumas lembranças da minha infância e rechear com algumas receitas de minha querida avó Zizinha. Mas como toda a lembrança infantil, as minhas recordações se confundem com lembranças imaginativas. Isso é tipico do ser humano, pegamos o fato, tiramos o pó, lixamos as imperfeições e pintamos com cores mais bonitas. Chamamos de " licença poética". Mas agora quero me ater aos fatos.
Minha avó não era a Dna Benta e não vivia na beira do fogão de lenha com avental de babado e colher de pau na mão. Fazia sim, algumas coisas deliciosas, outras nem tanto, as vezes fazia pratos que me embrulhavam o estomago, como o arroz que ela cobria com "tecos" gigantescos de um queijo que ela mesma fazia e que tinha um cheiro azedo e engordurado, e sempre tinha sal de mais. ou quando, por engano, colocou sal na canjica e percebendo o erro à encheu de açúcar para compensar, o negócio tinha gosto de soro. ainda teve a vez em que minha irmã, se recuperando de uma "leve indisposição pós festa", curtindo o gosto do cabo de guarda-chuva, e minha avó, com todo o carinho e cuidado de avó zelosa que era, levou o café na cama para minha irmã dizendo: " Vocês jovens gostam de pão frito então eu fiz pra você..." mas por inocência minha avó fritou o pão como se frita batata, imerso em gordura de porco. Ainda bem que o quarto tinha janela e Dna Zizinha nunca soube porque o cachorro passou tão mal.
Portanto, para as avós de plantão: Pão frito é só um pão com manteiga passado na frigideira e não adianta trocar as vazilhas de sal e açúcar pois as formigas não sabem ler quem se enganam são vocês.
Lamento aos que sonhavam com essa Dna Zizinha imaginária, mas vou ficar com a real pois era muito mais divertida afinal Dna Benta só existiu mesmo no Sitio do Pica-pau amarelo talvez criada do mesmo modo por Monteiro Lobato.
Quanto as receitas, a partir de agora passo a postar minhas própias receitas, inspiradas ou adaptadas a partir de minha memória...
...Ou de minha imaginação...

Anderson Salgado

2 comentários:

  1. E olha que muita gente acreditou!!! O interessante da memória, mesmo que enfraquecida pelo excesso de informações inúteis que recebemos durante a vida, ela, a memória, é recriada de acordo com nossa (de)formação psíquica, isso significa que iludidos e pseudo astutos que somos lembramos conforme nos interessa e dos fatos que nos interessa. Aí reside todo o perigo... Ao creditarmos às memórias (às nossas e às dos outros)total veracidade estamos escolhendo manter os mitos acerca da vida, sobretudo ao mito de indivìduos saudáveis num mundo enlouquecido!! Eu prefiro sempre a verdade, que dói, chateia, traumatiza, mas é a única aliada na busca do crescimento e da saúde emocional.
    Que a criatividade da vovó Zizinha te inspire!! Beijos da Neta Mara.

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  2. Marco Antonio Pavoni18 de abril de 2011 às 08:12

    Imagino como deve ser dificil desvincular uma imagem doce para dar lugar a sua avó de verdade, gosto de ler suas estórias e pensar como o passado influencia as pessoas, imagino que por conta das receitas mal sucedidas de sua avó você tenha se tornado cozinheiro, sigo aguardando novas e emocionalmente deliciosas estórias de uma vida recheada de comédia...
    Afinal por onde anda a Dna Zizinha??????????

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