"Anjinho da guarda, meu bom amiguinho, levai-me sempre ao bom caminho..." Repetia eu enquanto vovó Zizinha prendia o cobertor embaixo do colchão e afofava meu travesseiro. Depois ela me dava um beijo na testa e saia em silêncio do quarto. Eu adormecia sentindo ainda o perfume de rosas que vinha dela e me sentia seguro.
Essa lembrança me acompanha desde a infância, e me acompanhará sempre. Ainda hoje, quando me deito e, desajeitado que sou, descubro meus pés quando puxo o cobertor, lembro de minha avó arrumando a cama com todo o cuidado para que eu não sentisse frio e imediatamente me vem à cabeça a oração que ela me fazia repetir todas as noites. Era difícil me mexer na cama, até pra me levantar de manhã, mas eu estava sempre quentinho.
Hoje estou longe e crescido, mas não é difícil sentir seu perfume quando a saudade toma conta de meu coração. E eu sei que não importa se nas terras dos "dois irmãos" ou em qualquer lugar do mundo, a lembrança de seu amor e de seu carinho sempre vão aquecer minha alma, como seu beijo de boa noite aqueciam minhas noites infantis.
A você vovó, meu amor, meu carinho e minha saudade...
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